17 de set. de 2010

Conteudo de um site e seus efeitos na memória

No inicio os sites eram coisas bem basicas, sem interações, algo bem parecido com o que tinhamos nos meios de comunicação convencionais com a diferença de que no universo virtual, o valor de exibição de produtos e serviços era muito menor do que os meios convencionais.

O tempo passou, os especialistas se formaram e hoje temos uma web totalmente diferente e interativa onde opiniões coletivas podem ser ouvidas e ter um peso de decisão entre um grupo.

Assim como ela cresceu em interação, cresceu também em informação. Segundo o Tobeguarany, hoje circulam diariamente na internet milhoes de dados. Há no brasil cerca de 67,5 milhões de internautas segundo o Ibope/Nielsen  em pesquisa feita em dezembro de 2009. Em setembro eram 66,3 milhões. Ou seja: em apenas 3 meses surgiu 1,2 milhão de novos brasileiros e brasileiras com mais de 16 anos na internet. O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à Internet.

Para comportar toda esta gama de informações de forma a ser interpretada e gerida pelos seus usuários é necessário organiza-las.



Sim, por isto que surgimos, nós arquitetos de informação, no contexto de planejamento e organização das informações, pois ficou claro que quanto mais globalizada nossa informação estiver sendo exibida maior numero de internautas irão acessa-las, entende-las e compra-las (quer seja uma idéia, produto ou serviço).

Falando em arquitetura de informação, milhões de informações sendo geradas e entendimento imediato pelos internautas não podemos deixar de pensar em meios claros de indicação de conteúdo através de uma série de boas práticas. Algunas destas boas práticas requerem muito estudo e ainda estão perdidas nos conceitos dos responsáveis pela arquitetura de informação de alguns núcleos.

Não dá para pensar em AI sem organização de informações. E o estudo aplicado desta organização vai te levar a caminhos muito próximos da neurolinguistica, vai te mandar para dentro da psicologia e obviamente a biblioteconomia será a sua grande amiga pelo resto de sua vida (enquanto arquiteto de informação).

Portanto, minha intenção neste artigo é passar um pouco das metodologias que podemos inserir no processo da organização das informações e como elas atuam e refletem no usuário.


O PRIMEIRO PASSO: A MEMÓRIA

Antes de entrar espefcificamente nestas metodologias, quero abrir um parenteses que acho bem pertinente, no que diz respeito a  controle e extruturação léxica, vamos entender como nossa memoria funciona no instante que se depara com uma nova informação:
 
Segundo Atkinson e Shiffrin (1971), existem três tipos diferentes de memoria: sensorial,curto prazo e longo prazo.

A memoria sensorial é onde chega em primeiro momento, a informação que capitamos de tudo que nos cerca mas ela permanece apenas alguns segundos. Esta primeira etapa da memória guarda uma copia quase exata do que foi observado e escutado e a medida que a atenção se prende ou não ela vai evoluindo e passando para outro estágio da memória, ou se perdendo.

Prendida a atenção nestes segundo, a informação é repassada para a memoria de curto prazo, também chamada memória de trabalho, tem uma capacidade limitada. Segundo Miller (1956), são mais ou menos sete pacotes de informações relevantes (sete palavras, série de numeros, etc).

A informação nesta etapa do processo permanece de 15 a 20 segundos. Se a atenção continuar presa será enviada para o estágio de longo prazo, caso não, a informação se perderá definitivamente.

Fixada a informação por mais de aproximados 20 segundos ela passa para a  memoria a longo prazo, que possui uma capacidade ilimitada de armazenamento de informações, contudo, como disse Papalia (1988) quantas mais associações existirem entre o que se quer recordar e o que ja se sabe mais possibilidade de fixação da informação.

Com as informações acima fica mais do que comprovada a necessidade urgente de deixar caminhos claros para que o usuário entre, navegue e forme uma idéia sobre o que ele está vendo dentro do site.Fazendo um paralelo com a duração da visita de usuários a sites cujo conteúdo não seja atrativo para o usuário podemos perceber claramente que um site ruim fica retido por um breve tempo de 1 a 20 segundos dentro da memória do internauta e, caso ele consiga encontrar processos claros e interessantes ele navegará mais tempo, prestará mais atenção e consequentemente irá ser fiel áquele conteúdo.


SOBRE VOCABULÁRIOS CONTROLADOS


Portanto, voltando ao motivo do artigo, uma técnica muito interessante para auxiliar no processo de "catalogação" mental de um site pelo usuário é a utilização de vocabulario controlado. O objetivo principal do vocabulario controlado é trazer coerencia na descrição de objetos e conteúdos para facilitar o encontro e memorização das informações.

Em sua definição, Mary S Woodley diz que o vocabulario controlado é constituido por nomes, palavras e outras informações que incluem normalmente sinonimos e relações hierarquicas para criar referências cruzadas de tal forma que se organize uma coleção de conceitos para referência e encontro de informações.


Ok Iris você já me enrolou demais. Como que eu utilizo esse tal vocabulario e onde ele se aplica?


Simples caro e paciente leitor: o uso do vocabulario controlado pode estar presente em todos os tipos de sites cuja informação permitam ao usuário reconhecer padrões comuns dentro do site.

Alguns tipos de vocabulários controlados são listas contendo assuntos, algum tipo de glossários o dicionários com termos especificos; anéis de sinônimos que podem ser utilizados para corrigir erros comuns de digitação, como a falta de acentos; taxonomia que é a forma mais utilizada para a organização do conhecimento e o Thesaurus que podemos entender como um tipo de Índice alfabético-estruturado.

Com a utilização de um vocabulário controlado, estruturando as nomenclaturas de menus e links de forma que fiquem concatenadas, claras e de fácil entendimento, é um passo bem significativo para que o usuário entre no site, olhe e tenha sua atenção presa por tempo suficiente para conhecer o que está sendo oferecido a ele, avaliar e dar continuidade a sua navegação. Sem contar que, se ele entendeu a mensagem e gostou do que viu, vai espalhar esta informação para os seus núcleos sociais.

Falando exclusivamente de links que podem ser encontrados dentro do site, quer seja dentro de estruturas primarias de menus ou hipertextos, dar nomes que sejam coerentes fazem uma grande diferença no processo cognitivo do internauta e otimiza o tempo que ele gasta para entender o conceito. Abaixo um exemplo:

Entendimento rápido e eficiente
Contato = Fale Conosco = Contate-nos = lugar onde posso encontrar informações para entrar em contato com os donos do lugar.



Entendimento confuso (em alguns casos frustrantes)

A NomeDaEmpresa quer falar com você = A empresa quer me dizer alguma coisa muito séria e talvez esteja querendo me vender algo...tenho medo...

FaleNomeDaEmpresa = A empresa quer falar alguma coisa para mim? Mas eu não quero saber pois se ela não me disse ainda nas páginas que vi...boa coisa não é...eu que quero falar com ela...

Faça-nos uma visita = Eu lá quero visitar a empresa? Se quisesse não estaria navegando na internet...pessoas loucas...


Com este exemplo muito particular dá para termos uma idéia da importância do controle de vocabulario no que se refere a informações de links de menu principal.


E AGORA? O QUE FAZEMOS COM AS INFORMAÇÕES DE CONTEÚDO DO SITE?


Também é muito importante a organização interna das informações, quer sejam menus secundários ou hierarquia de conteúdo. Uma boa opção são os chamados mapas mentais, cognitivos ou conceituais, que são tipos de processamentos mentais que ajudam na organização através de modelos que simulam o raciocínio que o usuário terá para chegar até determinado local dentro do ambiente web.


MAS O QUE SÃO MAPAS MENTAIS?


Segundo a definição da Wikipédia, mapa mental, ou mapa da mente é o nome dado para um tipo de diagrama voltado para gestão de informações de conhecimento, para a compreensão e solução de problemas na memorização e aprendizado.

Há algo que temos que concordar: os caminhos que o usuário irá percorrer nem sempre serão aqueles que acreditamos ideais. Ainda que sejam óbvios temos que testar, encontrar onde pode estar o ponto cego da navegação e prever antecipadamente as ações que o usuário pode fazer.

Organizar fluxos que sejam baseados em mapas mentais é uma boa alternativa, desde que estes mapas estejam sendo preparados com uma visão impessoal, buscando sempre um modelo que permita a diagramação do pensamento de um modo mais coletivo, voltado para o público que acessará aquelas informações que serão exibidas.

Desta forma, pensando em modelos mentais que englobem o publico alvo do produto ou serviço apresentado, a não linearidade do resultado vai trazer um tipo de estrutura semelhante á estrutura da memoria. Desta forma mais uma vez conseguimos passar pelos 2 primeiros estágios de captação que a nossa memória tem, sengundo Atkinson e Shiffrin (1971), de forma bem positiva.

Falando ainda sobre mapeamentos, gostaria de citar a opinião de Whitaker sobre este assunto:
"...Um mapa cognitivo é uma representação mental, análoga a um mapa físico do espaço. Embora o mapa cognitivo não seja perfeitamente verídico, provê um quadro de referência na mente para basear decisões e gerar escolhas de navegação. Com o mapa cognitivo, o navegante pode se movimentar por rotas não previamente percorridas, recuperar a rota quando perdido, e tomar atalhos. O conhecimento é adquirido através de uma experiência extensiva em um ambiente."

Agora que já entendemos um pouco mais sobre os processos de memorização e de como a organização do conteudo de um site pode marcar o sucesso ou o fracasso de uma experiencia digital, sabemos que os caminhos mais claros serão os mais acessados.
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15 de set. de 2010

Especificação  de Arquitetura de Informação orientada ao todos traz resultados eficientes

Especificação de Arquitetura de Informação orientada ao todos traz resultados eficientes

A web quando foi criada não trouxe em anexo os profissionais que iriam geri-la, promove-la e contextualiza-la no mundo real. Por conta disto e a falta de profissionais web presentes no big bang da rede mundial, ainda hoje vemos as mais variadas disciplinas brigando, se apaixonando, se casando e enfim, construindo um lar real para o incontável numero de informações que passam a cada piscar de olhos pelas telas dos computadores.

Por conta desta constante adaptação nós podemos ver desfilando  alegremente pelo Team das agências e empresas de TI, variadas formações profissionais que contribuem para os novos desafios promovidos pela web, dentro da arquitetura de informação, ajustando todo o compasso desta, até então mal utilizada,
forma comunicação.

Nesse emaranhado de novidades e "nascimentos" muita coisa mudou e se adaptou às novas exigências deste mercado digital cada vez mais presente e ativo. Ainda no contexto de evolução contínua podemos ver as disciplinas que cuidam da experiência  e resultado durante a navegação, se encontrando e somando expertise para trazer uma melhor e mais fiel experiência para o internauta.

E o resultado desta multidisciplinaridade em equipe é a geração de bons trabalhos digitais que repercutem
diretamente em retorno para a empresa, atingindo um quase equilíbrio entre cliente e usuários satisfeitos.

Mas embora o entendimento da necessidade de integração de disciplina seja uma realidade em constante aprimoramento, ainda existem alguns ângulos do processo que ficam perdidos. Um deles é o a interpretação dos protótipos dos Arquitetos de Informação.

Por conta dos autores se originarem de diversas áreas, e pelo fato da profissão ainda estar se consolidando em muitos ambientes de desenvolvimento web (quer seja agência ou consultoria), são criadas especificações
com estilos muito particulares e ao serem apresentadas para a equipe, geram um entendimento deficiente que poderá se converter em resultados menos claros, equipe stressada e descontentamento geral.

Empolgadamente eu descrevo abaixo algumas linhas sobre especificações geradas pelo trabalho da arquitetura da informação. Não entendam como regra básica pois muita coisa ainda esta se adaptando, mas com alguns princípios poderemos fazer produtos que sejam claros e de boa interpretação para todas os
envolvidos no processo.

Para que serve uma especificação de AI?
Sitemaps, fluxo de transações, wireframes, métricas de performance, plano de implementação, matriz de
escopo e o que mais sua imaginação puder lembrar servem para uma única e exclusiva função: Orientar.

Mas orientar quem?
Cliente - Orientar para entenda a dimensão, premissas, organização de informações e fluxos que o projeto dele comporta;
Gerente de Projeto - Orientar no escopo e prazos do projeto;
Designers - Orientar no que diz respeito a localização dos blocos de informações de cada tela;
Desenvolvedores - Orientar como será o fluxo da navegação em cada seção;

Check list  que vale a pena dar uma conferida
Para que sua especificação seja interpretada de forma correta por iodas as pontas do projeto (cliente - equipe) é importante verificar se ele está cobrindo a maioria das sugestões abaixo:

- Cada projeto pode receber um tipo de protótipo. projetos onde o design de interação fale mais alto como hotsites e portais promocionais devem ter um wire mais aberto (sem detalhamentos que engessem os criativos) e extremamente conversado com a equipe pois juntos vão criar a melhor experiência para o produto/serviço que será ofertado.

- Projetos mais complexos como e-commerces devem conter, pela quantidade de UX e controle de vocabulário, uma arquitetura mais detalhada e, idealmente gerar protótipos navegáveis.

- Extranets ou intranets, onde a encontrabilidade é um fator fundamental devem ter seus wireframes construídos juntamente com os desenvolvedores do projeto (analistas e programadores) para que não seja criado um ambiente implementável apenas com linguagens alienígenas ou pertencentes a um futuro distante.

- Nem sempre o protótipo conseguirá cobrir as espectativas e entendimentos da equipe e/ou do cliente portanto temos que usar todas as outras possibilidades de especificações como sitegramas, vocabulários controlados e a própria especificação funcional das telas.

- O wireframe tem a intenção de ajudar o designer a estruturar o site ou sistema e não ensinar o design como fazer o seu layout. Se você é um arquiteto que antes era designer cuidado com os super protótipos. Tenha modos e respeite a linha de ação da disciplina que você não mais professa :P

- Wireframe por default, e para melhor entendimento do conceito de "protótipo", não tem cor e nem imagens. Porém não sejamos xiitas demais! Se o cliente tem dificuldade de abstrair o protótipo para a realidade dele pense com carinho na possibilidade de inserir imagens que estejam contextualizadas com o negócio dele(em
tons de cinza).

- Se existem telas que são complicadas até para você, arquiteto de informações, imagina para o cliente ou equipe que certamente não ficou lendo e decorando as 10 heurísticas do Nielsen. Seja um bom AI e explique bem cada passo deste fluxo de forma clara para todos os envolvidos.

- A equipe contribui muito no processo de criação da AI. Fale com as demais disciplinas e você verá que além do entendimento global haverá algumas boas idéias que você  pode, antes de finalizar a especificação, integrar na sua arquitetura. Não seja muito na sua, converse!

Não esqueça que especificações de AI não são diários particulares de suas experiências no projeto e sim livros que se tornarão  best-seller para todas as pessoas envolvidas na construção do website ou sistema web. Oriente-se!
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