Adeus ao neolítico da internet. O mundo está acordando
Ontem eu participei de um ato cívico, talvez com o mesmo
fervor que nossos pais e avos tenham tido a décadas atrás. Sentada na minha
sala, entre meus textos sobre experiência de usuário, felinas enlouquecidas e
desenhos do bob esponja de fundo eu pude ver toda a movimentação do Brasil em
torno de um ideal e ajudar compartilhando as informações em minhas redes
sociais.
Milhões de brasileiros nas ruas e outros tantos online
gritando pelos seus direito. Duas massas gigantescas, uma real e outra virtual,
com uma única voz. E tudo isto por causa de um facilitador indispensável: a
internet.
Pude ver as mídias sociais passando de vitrines de pessoas
felizes para algo mais real e urgente,
onde os posts que não faziam menção ao ato cívico ficavam perdidos, esquecidos
num mar de informações sobre o que se passava no Brasil e no mundo.
Há tempos atrás eu
falava dessa
apropriação das ferramentas sociais que a internet permite, e estes últimos
tempos pudemos perceber o cunho social em sua mais plena forma de exercício,
ligando pessoas que talvez nunca se vejam pessoalmente, a modelos e causas
importantes e definitivas para uma melhora quer seja local ou mundial.
Que fique claro que meu foco aqui não é a politica nem o
descontentamento das pessoas com seus países, mas sim a facilitação que a
internet permitiu esse expressar e muito mais, foi além, permitiu articular e
concretizar.
Eu lembro também que eu falava sobre a fase de “testes” que
a internet estava passando, o surgimento
das celebridades e sua rápida ascendência e queda e como todos nós a explorávamos
para encontrar seu sentido na nossa sociedade criada pelas mídias sociais. Tudo
sempre começou conversando com nossos conhecidos, depois as marcas buscaram se
apropriar de espaços dentro deste contexto e conversar com seus clientes (talvez um começo do amadurecimento) e agora
vemos também atividades de cunho democrático acontecendo. Primeiro eu conversei
com meu vizinho, depois com a marca do meu carro e agora eu converso com e sobre
meu país.
Isto que está acontecendo deixa claro para mim a importância
e o “assentamento” da função da internet como veiculo de comunicação muito
rápido e eficiente. A televisão, que até então era nosso modelo de informação instantânea,
não consegue ser tão imediata mesmo com boletins especiais parando sua programação
rotineira e os repórteres desse novo modelo de comunicação são os mesmos
embaixadores das marcas dentro de suas mídias sociais.
Fica muito claro que vivemos um momento impar e histórico não
somente no quesito politico, até porque não é este o ponto do texto, mas no que
diz respeito a comunicação social. Aquele período neolítico da internet onde as
pessoas davam seus primeiros passos sociais com os outros povos porém ainda ficavam
sem saber o que fazer, está passando de fase.
Estamos mais maduros no que diz respeito aos potenciais informativos e
comunicativos que a rede pode oferecer e isto nos modifica.
E isto é grande e valioso e nós, que estudamos e aplicamos
soluções para a internet estamos construindo uma historia muito significativa.
Romantismos e idealismos a parte, este momento é aquele em que encontramos
nosso lugar neste espaço cibernético e por isto, empresas, criativos,
desenvolvedores, temos que ficar bem cientes de que o internauta tem voz, anda
em grupos e é ouvido.
E isto não é tarefa de uma determinada expertise pois é uma
mudança de pensamento e atinge a todos. O desenvolvedor, o designer, o dono da
empresa e o atendimento tem que saber que as coisas estão mudando no digital e
não podemos perder tempo em “modinhas” pois o seu internauta não está ligando
para ela. Ele quer mais e além.
Se isto ainda não estava claro para algumas marcas que os últimos
acontecimentos deste mês sirvam de alerta. O mundo acordou. Não foi só o
Brasil.